domingo, agosto 13, 2006

UM CIGARRO

O cigarro é como a vida, esfuma-se, mata. São fáceis, o cigarro e a vida, mas demoram, demoram, demoram... o que é que aconteceu, querido? Todos aprendemos a morrer enquanto estamos vivos. Um cigarro, um cigarro é só um sintoma, um sintoma de amor – se à morte se à vida ainda não percebi. Talvez a ambas. Se sobrevivêssemos à morte saberíamos, mas aí não estaríamos mesmo mortos, pois não? Mas também já não estaríamos mesmo vivos.

Viro-me para o outro lado, à horas que rolo na cama. Nada disto é lógico. Nada disto deve ter uma explicação. Eu só preciso dum cigarro, acendo-o com um vidro se for preciso, está um sol desgraçado! Já devia ter saído da cama há muito. Ninguém está na cama às três da tarde, só eu. Contigo, como se tu existisses mesmo e não te tivesse imaginado completamente. É tão estúpido, isto, tão... inverosímil que parece mentira. Morreu, de facto, alguém? Rebolo, finalmente, para fora da cama. Suponho que devia ir comer alguma coisa, mas não me apetece.

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