terça-feira, março 13, 2007

Uma das bases: a etologia moderna - instintos e imprinting

Os etologitas defendem que a melhor forma de compreender o comportamento animal é estudando-o no seu ambiente natural, apenas desta forma poderiamos compreender qual a função adaptativa de cada comportamento no que à espécie diz respeito. A primeira etapa do trabalho dos etologistas é, portanto, conhecer a espécie em estudo o melhor possível através da observação naturalista; interessam-se particularmente pelos instintos.

Um instinto é um caso especial de comportamento não aprendido que é activado por um estímulo externo, é, ainda, específico da espécie e resultante do processo evolutivo com objectivo de promover a sobrevivência. De resto, o comportamento instintivo contém sempre um padrão motor estereotipado, contudo, este comportamento inclui em si um componente de automodulação, ou seja, o comportamento instintivo não é tão determinista quanto parece e é adaptado à situação por mecanismos de correcção orientados para a persecussão e alcance de objectivos. Por exemplo, o comportamento do falcão quando avista a sua presa é um padrão fixo, ele faz um loop completo para a apanhar, ainda assim, adapta o seu voo aos movimentos da sua presa, visto que esta não é um alvo estático.
Por fim, os instintos são motivadores de comportamento. Consequentemente, um instinto não actuado fortalece-se, sendo que a quantidade de especificidade mínima que um estímulo deve apresentar para activar o instinto que lhe corresponde vai alterar-se e um estímulo menos específico que o habitual pode tornar-se suficiente para desencadear o comportamento instintivo.

Ao nascer, os animais sabem todos os padrões comportamentais instintivos, falta-lhes, contudo, alguma informação sobre os estímulos que os desencadeam - esta é percebida durante um período crítico no início de vida através de um processo a que se chama imprinting.

Konrad Lorenz (na foto) não foi o primeiro a observar a ocorrência de imprinting, foi, contudo, o primeiro a afirmar que este ocorre num período crítico do início da vida do animal. Lorenz estudou vários animais, em particular, gansos. Segundo o etologista, a vinculação da cria ao adulto (ou objecto de vinculação) ocorre se, e apenas se, esta for exposta e seguir o objecto de vinculação durante um período específico no início de vida. Este objecto de vinculação é inicialmente geral, qualquer objecto da mesma espécie do inicial desencadeia o comportamento, mas rapidamente a cria se foca num indivíduo particular preferencial. Portanto, se a exposição ocorrer antes ou depois deste período, a vinculação não ocorre e, uma vez ultrapassado este período, pode ser impossível levar a cria a vincular-se a outro objecto de vinculação.
Por outro lado, tal como os instintos, o tipo e o número de objectos passíveis de imprinting também é específico da espécie.
Por último, o imprinting pode determinar não apenas o comportamento de seguimento do objecto de vinculação pela cria, mas também afectar o seu comportamento social posterior, incluindo as preferências sexuais; ainda que o período crítico para o imprinting sexual possa ser diferente do imprinting parental, este também ocorre muito cedo, bem antes da emergência dos comportamentos sexuais.

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