domingo, maio 14, 2006

«Em Praga, visito uma exposição de desenhos de crianças judias presas e executadas pelos nazis. Ao lado de fotografias de muitas caras bonitas e sorrisos infantis, estavam pequenas pinturas feitas nos últinos dias de cada uma. Em muitas, via-se o bom, a luz, o cheio, a cor, a ternura. Estavam lá a casa, os pais, a escola e até um parque de diversões com um carrossel a andar à roda e flores demãos dadas. Estas vidas ali postas em paz e alegria eram com certeza insuportáveis aos olhos da maldade e da guerra.
Cinquenta anos após a libertação do campo de concentração de Auschwitz, lemos relatos onde ficamos a saber que o que impressionou as tropas aliadas não foi só o aspecto degradante dos vivos ou o horror do número de mortos. Foi também a quantidade de briquedos, ursos e bonecos espalhados pelo chão.
Também dos campos de refugiados bósnios, quatro anos de enorme desespero e martírio, chegavam-nos imagens de crianças ainda sorrindo e brincando.»

(Strecht, P. (2004) Crescer Vazio, 1, 28)
Porque as crianças são o melhor do mundo, na verdade.E ninguém pode nada contra isso.

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