quarta-feira, maio 31, 2006

«Mas as coisas que valem a pena não podem deixar de ter a pena que valem.» (Miguel Esteves Cardoso)

fotografia: Ugly


Se pudéssemos dizer "Eu amo-te" e "Até logo" sem dor, seria o "Eu amo-te" real? Haverá alguém que crê ainda que podemos sentir-nos assim e não fazer diferença quando o outro vai embora?

Bebé que é emocionalmente abandonado pela pessoa com quem tinha uma relação pode entrar em coma de verdade; marca de amor dura para sempre e separação rotineira, sem "drama", e aparentemente normal dói.

Dói precisamente porque ninguém te disse que há "drama" a ser feito_ninguém avisa que há uma espécie de luto, apesar da outra pessoa voltar (mais cedo ou mais tarde). Ninguém avisa que pode haver saudade só porque a outra pessoa se levantou da cama e foi à padaria sem te acordar (ainda que tenha deixado um bilhete a dizer onde ia). "Eu amo-te" e "Até logo" não combinam_o coração aperta... Quando há "Eu amo-te", "Até logo" simplesmente não sai_não há compromisso possível entre ambos_o coração aperta, respirar dói... e ninguém tem vontade de fazer mais nada (ainda que acabe por fazer)!! Quando há "Eu amo-te", "Até logo" nem existe. Não é inteligível, aceitável ou possível. Apenas acontece e a gente enfrenta_que remédio!... E dói. Até porque, nas palavras de Miguel Esteves Cardoso (jornalista português), «(...)as coisas que valem a pena não podem deixar de ter a pena que valem.»

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