segunda-feira, julho 03, 2006

Embotamento afectivo

«Eu quero o "meu mundo", o mundo que levei 20 anos a construir e que gostava imenso. Perdi-me de tudo e de mim mesma. É desesperante alguém que amamos beijar-nos e não sentirmos mais que lábios, pedaços de carne quente que chegam a incomodar-nos. É horrível um amigo chorar ao nosso lado e não vermos mais que lágrimas, gotas de água, só isso. Não sermos capazes de dizer nem fazer nada, continuarmos apáticos, possivelmente a pensar em nós. Que egoísmo! (...) Afectivamente tanto me faz. Eu não suporto magoar alguém e não me doer, nem pensar que estou a magoar essa pessoa. Não pode ser, estou farta. Tenho de parar, não quero magoar mais ninguém. (...) As cartas, que sempre me davam tanta força, hoje nem me apetece abri-las, vou guardando tudo. No fundo, estou farta de deitar coisas belas fora, como ler uma carta de um amigo sem sentir uma linha. É demais, eu não aguento.»


Auto-descrição recolhida pela Dra. Helena Rita. (retirado de: http://acabra.blogspot.com)